Com 25 mil perfis cadastrados na internet, artistas fortalecem setor e debatem novos mercados
O Projeto VOA VIOLA aconteceu nos dias 11, 12 e 13 de maio de 2012 no SESC Venda Nova - Belo Horizonte.
Mais de meia centena de instrumentistas de várias partes do país, além de pesquisadores e público aficionado por viola, estiveram reunidos no fim de semana no Sesc Venda Nova, participando do 2º Seminário Vertentes da Viola no Brasil: Tradição e Inovação. O evento discutiu os mais variados aspectos da cultura violeira. Da fabricação de instrumentos até os caminhos de produção e divulgação musical, passando pela presença do instrumento no imaginário brasileiro. Na programação, além dos debates, shows, exposições, vídeos e homenagens aos mestres. O encontro teve clima festivo e era comum ver os artistas, com violas em punho, tocando e conversando sob as árvores do local. É ação do projeto Voa Viola, que trabalha por uma causa: articular nacionalmente movimento em favor de mais espaço para a arte de tocar viola e por mais prestígio para os profissionais.
“Minas
Gerais tem força no mundo da viola e grande concentração de violeiros”,
afirma o paulistano Paulo Freire, curador e um dos criadores do
seminário, apontando o motivo da opção por Belo
Horizonte para sediar o evento. “Também pesou na escolha o carinho e
hospitalidade do povo mineiro. Aqui gente de todo o Brasil se sente em
casa”, elogia.
O objetivo do
evento foi proporcionar encontro para discutir e refletir sobre o
universo da viola, a partir de temas escolhidos pelos próprios
violeiros. “E são eles o nosso foco”, avisa. “Sabemos pouco sobre
instrumentos, modos de tocar, repertório. Para conhecer
a viola temos de conhecer os mestres tradicionais”, defende, explicando
que existem grandes personalidades do instrumento por todo o país.
“Tocar viola não é algo que se aprende só em sala de aula, é preciso
conhecer o Brasil. É trazendo a tradição que ficamos sabendo o que é
feito no campo da música no Brasil profundo.”
Mestre,
aponta Paulo Freire, é Manoel de Oliveira, de 78 anos, que mora no
sertão de Urucuia, Norte de Minas Gerais, homenageado pelo festival. Que
não veio a Belo Horizonte porque está adoentado. “Quando ele toca, a
gente ouve sair da viola toda a relação do sertanejo com a natureza”,
afirma. “É tocando de forma honesta e pessoal que aproximamos a viola e
ao mundo contemporâneo”, garante Freire.
Um
mestre da viola que esteve em Belo Horizonte é Badia Medeiros, de 72
anos, meio século dedicado ao instrumento. Ele é de Unaí, Noroeste de
Minas, mas mora há 18 anos em Goiás e aprendeu a tocar viola sozinho.
Define a relação com o instrumento como caso de amor e parceria de vida.
“Senti no sangue e na memória que aquela música me agradava e que, com
ela, poderia agradar alguém”, conta o músico. “Cinquenta anos tocando
viola é tempo bom, mas a jornada não acabou”, diz. A evolução artística,
para ele, não é só melhoria da técnica: “Quanto mais você aperfeiçoa,
mais tem naturalidade para tocar. E até conseguir tocar de forma natural
leva tempo, ainda estou aprendendo”, ensina. Ele tem três CDs gravados e
está preparando disco novo.
Na rede
O
seminário Vertentes da Viola no Brasil é uma das ações do projeto Voa
Viola. O programa prevê ainda realização de festival, que procura a
diversidade e representatividade das práticas da viola, além de rede de
violeiros na internet, hoje
com 25 mil perfis (www.voaviola.com.br).
“Nosso desafio é apresentar a viola ao Brasil como música atual e como
memória. A viola é presença forte no país, mas pouco nítida, inclusive
por ser manifestação artística que vem do interior”, analisa Juliana
Saender, coordenadora do Voa Viola.
Texto publicado no LINK
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